quinta-feira, 5 de outubro de 2017


“temer”


Temo temer que o povo tema
O temer que venha do Planalto Central.
Temo temer que o povo tema
O temer que venha do Planalto Central.

Vivemos numa época insana
De pessoas insanas,
De pessoas insensatas,
Do temer insano,
Do temer insensato.

Tempos em que na calada noite
Temerários operários do temer
Com canetas não caladas calam sonhos,
Com borrachas borram botões de flores.

Temo temer que o temor do temer
Que venha do Planalto Central
Cala a boca do provo,
Cale o choro da fome,
Fome de coragem,
Coragem que expurgue,
Expurgue o temer,
Temer que venha do Planalto Central.

Vivemos momentos de transe,
Vivemos momentâneos momentos de temer,
De temer que o temer
Que venha do Planalto Central
Coloque em transe os transtornados trabalhadores,
Transtornados de que o temer
Arranque-lhes o direito,
O direito de viver,
De sonhar,
De amar.
Os transformem em trabalhadores,
Trabalhadores autômatos descartáveis.

Não devemos temer o temer
Que venha do Planalto Central,
Não devemos nos calar,
Devemos nos abraçar,
Devemos em coro lançar
Pelas ruas o grito que enlace
Todos os viventes
Para que juntos entoemos:
Fora o medo,
Fora o transe,
Fora o temer
Fora temer.

Alexandre Morais Paulino

4 comentários:

  1. Olá aqui é a Elaine do Sarau da Livraria da Vila. Seus poemas me impelem a escrever. Parabéns pelo prêmio merecido. Carinhosamente.

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    1. Obrigado querida, por favor marque-me em seus eventos (https://www.facebook.com/paulino.alexandre.75).
      Abraço!

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  2. Passeando em suas palavras poéticas.Abraço terno. Gosto de suas poesias.

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