O projeto Outros Poetas visa um primeiro contato com a produção de um(a) poeta através da declamação de um ou mais poemas e uma breve visão biográfica.
Nesta terceira edição: Rita Indiana Hernández.
Declamação: Alexandre Paulino.
Testemunho
Eu sou a única que vira o embrião do apocalipse que na cabeça da ponte como um grafite que representa, me ungira e desbaratara. afundara a espada fluorescente batizado com aço inoperante. Sou a tua mamãezinha, aeromoça, miss da paixão de um cristo rei. a noção de lazer mais profundo. A cegonha magra masca chiclete a estrategistas de pé chato aquela que sou e serei for ever, ande ver a mortalmente infectada de concursos televisados, carnavais do terceiro mundo buscando a verdade nos esgotos da nobreza da capital. nas patinhas abastadas das baratas dos salões de beleza. A noite me encontrando solenemente desfeita, As juntas quebradas de bater portas E as bordas dos guindastes que levantam falos Da cidade até o céu. A profecia anunciara que eu viria combater A carcoma de gordos semanais E lápides como sois que derrubam As cabeças das pessoas como frutas Golpeadas por um martelo os cachorros da rua Esses que são o meu domínio Sujos como as marquises de naco Sabiam da minha vinda há séculos Eu sou a mãe. Vagabundos no inconsciente, trujilhistas, Meus rebentos. Sou aquela que enfia o dedo até a ferida. Sou a ferida aberta desde os setentas Na cara pálida de Cidade Trujillo Sou a fera de pelúcia Sou o saco plástico e o verme que procura Sou o solitário flamboyant que acolhe Os necessitados Machões que dão a bunda por um refresco de guaraná. Essa é a verdade Sou a vela que abre caminho A cadela vilã levantada em quatro patas de cimento A mulher que não serei Sou uma coisa muito minha Será possível que ninguém entenda esta solidão? Venham Me enterrem completa na estrada Onde mil fungos esbranquiçados Agasalharam minhas nádegas Nanimortas pela magia Esta magia, mãe das crianças que como eu Deambulam a noite dominicana Rarefeitos pela droga Que o coco secreta quando tem lua cheia Venham comam do meu corpo Antes do tempo. Passar com seu gillette que é um túmulo E me calculem os pirralhos Que viriam depois de mim Olhando com olhinhos uma foto desbotada Do meu presente Glória em pampers Venham tragam perfume, febres. Esquimós tenho alojadas na carne do meu espelho A cidade montará nas minhas costas E seremos uma Coisa só, Minha Golden Bárbara Bendita. Golden doce baby bitch. Golden carro da sorte Knorr Golden destino do inoperante Golden e bendito dom Manuel Del Cabral, Louco andando nu, Perseguindo um verso. Choremos como eu choraria neste caso E depois uma oração E depois uma visão São Michael Jordan Voando pelos ares Del Ensanche. Ozama Vem me ver, corre, vem As motinhos, Sabotando todos os dados da sorte. A velocidade da malícia De um habitante do manguezal Sou a estrela dos cachorros desvelados O Cibao engrandecido Como um armazém de pedras para comer O sul, um solo sotaque canino O leste, um deserto de pessoas mortas e cozidas Numa panela com forma de diamante Tudo sob o uivo do homem cão, O mutante que tem nos bolsos Escondidas pulgas do mal A morte de dentes. Roedora de ossos A morte raivosa que sempre seremos O homem cão Calcula seu próprio peso olhando o obelisco Os montes de papelão Nas suas costas adiantando O apocalipse do quintal Que também é da mina invenção Porque tudo o que existe nessa metrópole É meu, eu nomeei tudo, fui tudo marionete de rádio, Televisão dominicana Dominicana ausente No show de vickiana Perdedora de concursos de beleza Idiota número oito Cobiçada do domingo balaguerista. Puta, velha cadela, pobre golden baba Eu, Venham até mim os poderes de um xangó que agora é um Pokémon A mim sem nomes Sem aniversários Sem frangos geneticamente manipulados Sem cozinha onde preparar meu café Sem nome Sem golden Eu, aquela que espera seus irmãos Embaixo da colcha tricolor Que não é a pátria É outra coisa alcoolizada pelos dejetos E o Discovery channel Eu, A fervorosa admiradora de Toño A estrela dos cães que esvoaçam como Canibais borboletas de sucata Aquela que brinca com os matacueros, Sem vergonha, Filha da puta Que não são eu Aquela que vê a cidade esquartejada. Continua precisando dos seus antigos nomes. Será que ninguém viu ainda? Por que ninguém levanta o telefone? O secretel é a marca da besta Venham por favor Me libertem dessa ilha cara cortada Que não lembra dos seus abortos Volto a ser eu novamente A infância de um gatinho cibernético A sujeira miúda do catolicismo light Apostando minha sorte No coração do céu caribenhoO furacão final Que entrará sem misericórdia Por todas as portas O furacão Que é uma aranha metálica Com oito pás douradas Pego na mão. E, minha mão é a ilha E, como sempre é tão bonita. |
Tradução: Luciana di Leone Poema de Rita Indiana Hernández Fonte: https://revistaperiferias.org/materia/tres-vozes-da-poesia-latino-americana-contemporanea/ |
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Rita Indiana Hernández nasceu em 1977, em Santo Domingo, República Dominicana (Ilha, faz fronteira com o Haiti, e, é próxima de Cuba); |
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Ela é a cantora do grupo Los mistérios; |
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Publica seu primeiro romance "La Strategy de Chochueca" em 2000; |
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Em 2008 produz o álbum Altar Espandex, com a dupla Miti Miti, uma mistura entre naïf, electro, merengue e gagá; |
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No final de 2010, El Judero, o primeiro álbum da banda, foi lançado pela Premium Latin Music;
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Atualmente (2012) reside em Miami. |
Fontes: https://www.escritores.org/biografias/17223-indiana-hernandez-rita https://www.cccb.org/es/participantes/ficha/rita-indiana-hernandez/39440 |
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