Acima imagem de divulgação do projeto. Direita: capa do livro. Esquerda Click de Roberto Cândido.
A Edições Archangelus é capitaneada pelo poeta Luka Magalhães um dos curadores do Sarau da Casa Amarela, em 2022 este amigo convidou-me para participar do livro “A Rua dos Versos”.
“[...] Para fecharmos 2022 e seguindo nossa proposta de espalhar cultura. Em continuidade aos nossos “Poesia na
Varanda”, “Além da Varanda” e “Poesia de Mulher”, agora temos “A Rua dos Versos”, nossa mais nova proposta de livro
digital distribuído gratuitamente. [...]”
Trecho da chamada para participar da publicação. |
Para mim é sempre um motivo de alegria ter a oportunidade de
somar com pessoas que fazem do compartilhamento da arte uma bandeira de luta.
As Ruas do Coração
Ruas, vielas, becos, caminhos, Caminhos, Caminhos, Caminhos... As ruas nos corações Não possuem certidão de abertura de rua. Elas, as ruas existem sem nascimento. Elas, as ruas existem sem nome. Elas, as ruas existem sem justificativas. Elas, as ruas existem sem luz, água encanada, esgoto... Há nos corações Ruas enviesadas, tortas, atravessadas, inclinadas... Que nos levam a descaminhos, Descaminhos, Descaminhos, Descaminhos... As ruas nos corações Por vezes descartam as razões do amor. O irmão que mata o irmão, descaminho. O amor que agride o amor, descaminho. O educando que relega o educador, descaminho. A família que abraça o abandono afetivo, descaminho. Nestas ruas inexistem cancelas, portas, janelas, saídas... Há nos corações Ruas sentimentais, brutais, afetivas, indiferentes... Que nas encruzilhadas dos caminhos tropeçam vida e morte, vida e morte, vida e morte, vida e morte... As ruas nos corações Trafegam sempre por entre labirintos preciosos. Elas, as ruas encontram-se por entre átrios, cavas altas e baixas. Elas, as ruas deparam-se com tantos ventrículos e artérias. Elas, as ruas sobressaltam-se com a força sistólica e diastólica. Elas, as ruas realizam travessias por entre as encruzilhadas. Elas, as ruas seguem, seguem, seguem até o desequilíbrio. Até a derradeira caminhada, o tão inexorável destino. Quando todas as ruas do coração se fecham A brisa levada de leve leva a alma para velejar... PAULINO, Alexandre Morais. Poema: “As Ruas do Coração”. LUKA, Magalhães (Org). “A Rua dos Versos”, pag. 20. Edições
Archangelus. São Paulo. 2022. |
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