sábado, 11 de março de 2023

Espetáculo Bruto Afável com o Duo Fora de Linha

Alexandre Morais Paulino
Superior esquerdo imagem utilizada na chamada pública. 
Superior direito Duo Fora de Linha (Suellen Leal e Matheus Alvisi) foto de Cristiano Pepi. 
Inferior esquerdo Alexandre Paulino foto de Evandro Borges.

 

O espetáculo Bruto Afável estreia em São Paulo com três apresentações gratuitas sendo: 17/03, sexta-feira, às 19 h no Centro Cultural Vila Itororó; 21/03, terça-feira, às 19h no CCSP - Centro Cultural São Paulo e 19/04, quarta-feira, às 21h no Teatro Paulo Eiró, e, haverá uma roda de conversa com os autores no dia 18/03, sábado, às 16h no Centro Cultural Vila Itororó.


Bruto Afável foi criado a partir da parceria entre o Duo Fora de Linha (Suellen Leal e Matheus Alvisi) e autores selecionados por uma chamada pública realizada em 2022, o projeto conta com o incentivo da 5ª Edição do Edital de Apoio à Música para a cidade de São Paulo - Secretaria Municipal de Cultura.


Tive a grata surpresa de ser um dos onze autores selecionados pelo projeto, abaixo a lista divulgada com os autores e textos selecionados:


Alexandre Morais Paulino


Naturá

        Desde piquininim
        Não nego meu naturá
        Fuligem e fubá,
        Fuligem pra respirá,
        Fubá pra alimentá.

Piquininim painho
Me trouxe pra cá
Embrulhado numa trouxa
Agarrado na barra de mãinha
Viemos morá no cazuá.

        Moço grande, rua grande,
        Grande, tudo grande,
        Corre carro, carroça esconde.
        A pé, de pé, quase sem pé
        O pobre chega sem fé.

Corre, corre e não chega.
Sobe e desce e não para.
Sempre começa um novo dia
E cadê o tempo que diz que chega.
Se chegô não vi.

        Sabe? Sei não onde chega!
        Só sei que pela rua vou.
        Por que não vem?
        Por que não dá?
        Por que dizem que vem e dá?
        Por quê?

Escola fui sim
E por lá aprendi,
Aprendi de montão
Mas cá do lado de fora
Só me deixam apertá botão.

        Trabalho, trabalhão, labuta de montão
        De apito a apito o suor enobrece
        Os bolsos do dono da produção.
        Botão, chave de fenda,
        Martelo, marreta, tudo me dão
        Só não pego na caneta do patrão.

Anteontem Zé de Maria
Caiu da laje vendo pipa que ia,
Quase nos fios se enrosca.
Seria a sorte derradeira, quase certa,
Mais que bala achada
Na beira da favela.

        Sorte é produto que não tem não.
        Já vi de montão pobre trabalhá
        Junta seu dinheiro e voltá pra terra natá.
        Mas lá fica não,
        Sem tê ocupação, volta pra cá
        Pras rédeas do patrão.

De noitinha, não nego meu naturá
Fuligem e fubá e saudade.
Saudade de painho, de mãinha.
Saudade da vida que nunca chegô.
Saudade da terra que nunca foi minha.

        Saudade de montão,
        Saudade de algo que nunca chegô.
        Saudade de algo que nunca vivi.
        Saudade de algo que dizem que vem.
        Vem mesmo é história pra dormi.

Dormi e sono embalá.
Dormi sem sonhá.
Dormi pra nunca í.
Dormi sem os olhos fechá.

(Texto selecionado pelo projeto)


Agenda do espetáculo:

Alexandre Morais Paulino


Alexandre Morais Paulino

Redes Sociais do Duo Fora de Linha:

@brutoafavel 
https://www.facebook.com/foradelinhamusica


Contato: paulinosistemas@hotmail.com


Outros links:
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