sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Acolhendo Histórias: Sarau do Grajaú 09 anos

Esquerda: Click de Duilio Coutinho. Direita: Capa do Livro.

 
No dia 08 de julho de 2023 ocorreu o lançamento do livro: “Acolhendo Histórias: Sarau do Grajaú 09 anos”. A coletânea poética faz parte da comemoração dos nove anos do Sarau do Grajaú e foi financiado pelo Programa para Valorização de Iniciativas Culturais (VAI) da Prefeitura do Município de São Paulo, o livro foi publicado pelo Selin Trovador um projeto do amigo e poeta Nivaldo Brito, além de tudo isto, o livro traz uma dedicatória carinhosa ao amigo e saudoso maestro Vidal França. Atualmente fazem parte do coletivo que toca este sarau de luta: Daniel Alexandrino, Dj Crafter, Marco Lunar, Ronaldo Vieira e Sônia Vieira.

Honrado com a possibilidade de agregar a um projeto ligado ao Sarau do Grajaú, local no qual nossa arte marginal encontra abrigo e alimento para seguir.


A militância é uma das condições da existência humana, principalmente para aqueles e aquelas que precisam a todo momento provar sua capacidade e lutar por seus direitos. Este território chamado Grajaú traz na sua história muita luta e resistência. Cada conquista é fruto da organização, da persistência, da resiliência, da coragem e da força do povo. [...] A participação popular nos movimentos sociais, durante o período da ditadura apontou possibilidade de melhorar a vidas das pessoas, garantiu avanços para o território e revelou a importância das mulheres nessas lutas apontando caminhos [...]”


Trechos da orelha escrita por Sonia Vieira.


Ao Vento


Soltei ao vento um grito mudo.
Mudo, pois tudo que muda liberta.
Mudo, pois tudo que muda revoluciona.
Mudo, pois tudo que muda contesta.
Mudo, pois tudo que muda empodera.
E tudo o que muda
Eles querem que fique mudo.

Soltei ao vento um grito mudo.
Contente, pois foi libertador.
Contente, pois foi revolucionário.
Contente, pois foi contestador.
Contente, pois foi empoderador.
Contente, pois foi mudando
Tudo o que mudar precisa mudar.
E tudo o que muda
Eles querem que fique mudo.

Soltei ao vento um grito preso.
Preso na garganta
Por tantos:
“Cale esta boca”,
Por tantos:
“Você sabe com quem está falando?”,
Por tantos:
“Ponha-se no seu lugar”,
Por tantos desmandos...

Soltei ao vento um grito.
E saiu ao vento liberto.
E saiu ao vento revolucionário.
E saiu ao vento contestador.
E saiu ao vento empoderador.
Ao vento em busca
De outros tantos gritos
Presos a outras tantas gargantas
De tanta gente presa.
Tanta gente presa,
Tanta gente que precisa ser livre.

Paulino, Alexandre Morais. Poema: “Ao Vento”, página 20, “Acolhendo Histórias: Sarau do Grajaú 09 anos”, Vieira, Ronaldo (ORG). Selin Trovoar, São Paulo, 2023.


Contato: paulinosistemas@hotmail.com

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